Vigésimo Sexto Capítulo

O Mensalão no Congresso

Nunca mais esqueci o dia em que o país parou para ouvir Roberto Jefferson, estampavam algumas manchetes no dia seguinte, “Brasil para pra ver a TV Senado” realmente foi um momento histórico no congresso, mas pra quem trabalhava no Senado, assim como eu, tudo era muito mais cheio de adrenalina, era uma correria só, os parlamentares, estavam à flor da pele, quem conhecia bem o congresso Nacional, sabia que ali não tinha santo e que todos em algum momento tinham algum rastro que poderia sair da boca enlouquecida do Líder Petebista, que se encontrava acuado pela máfia do PT instituída no Palácio do Planalto.

Os assessores dos parlamentares do PTB e de alguns outras partidos andavam as voltas com listas de perguntas, todas tinham que ser aprovados pelo Roberto, um teatro para a nação, tudo que se viu na televisão praticamente foi armado, o líder do PTB só respondia as perguntas previamente acertadas com os parlamentares, mas isso só quem estava lá tinha informação, lembro que quando eu chegava em casa, em frente a televisão, fazia as perguntas antes dos deputados, pois já sabia quais seriam, até guardei algumas listas de perguntas para recordação daquele período do Congresso Nacional. .


Roberto não era um santo, longe, muito longe disso! Mas há algo como um código de ética entre canalhas e ele, sempre áulico, sempre governista, foi traído pela corja da casa civil, que havia criado uma vergonhosa forma de pagamento de subornos a parlamentares, Valdomiro Diniz, tinha iniciado o grande lixo da corrupção junto com o José Dirceu.


Muitas coisas aconteceram e o povo brasileiro nem soube, coisa que ficaram guardadas no cofre do Congresso Nacional, por ser do PTB na época, eu vivi tudo cada detalhe daqueles dias, lembro que o poderoso apoio popular àquela CPI mista, pelo povo brasileiro fatigado de ser esbulhado e sangrado em suas finanças por políticos corruptos ampliou demais, levando o Presidente Lula avaliar que deveria recuar, pois o enfrentamento com Roberto seria desastroso.


Lembro bem do dia 24 de maio, nosso gabinete estava atordoado com tudo que estava acontecendo, O Senador me pediu para levá-lo a 103 norte, onde morava o Presidente Nacional do PTB, foi o dia em que José Dirceu e Aldo Rebelo foram à casa do Deputado Roberto Jefferson e suplicam de joelhos que ele e toda a bancada do PTB retirem as assinaturas na tentativa de barrar uma CPI, pois avaliavam que seus desdobramentos seriam danosos para o governo Lula. Apresentaram um documento no qual o Sr. Maurício Marinho declarava haver proferido “bravatas” e negava o envolvimento de Jefferson, o que lhe permitiria, de fato, retirar a assinatura da CPI que, contudo, já estava fora do controle: A população nessa altura já cobrava a apuração dos fatos. No dia 25 de maio foi votada e aprovada em sessão conjunta do Congresso Nacional: E a CPMI dos Correios era um fato.


Lembro bem do dia 5 de julho daquele ano, primeiro porque foi o meu aniversário e segundo porque naquele dia, Roberto Jefferson convidou a jornalista Renata Lo Prete, da Folha de S. Paulo e explodiu uma bomba, publicada no dia seguinte pelo jornal paulista: “PT dava mesada de R$ 30.000,00 a parlamentares” Nos detalhes, mencionou que deputados do PL e do PP seriam beneficiários do “Mensalão”. Citou nomes de vários deputados, ministros e líderes petistas envolvidos no esquema.


Dali pra frente o congresso nacional foi uma bomba atômica a cada dia, eu virava as noites, com a equipe do senado, O PTB era o centro do furacão, e sendo assim nosso Gabinete era parte desse centro.

Muito se pode dizer acerca de Roberto Jefferson, o homem que com um depoimento de 7 horas “paralisou a Nação”: Mas como se dizia em Brasília “até as carpas do lago Paranoá sabiam do Mensalão” Eu sabia...No PT, e no Palácio, assim como todos que trabalhavam no Congresso Nacional, todos sabiam que Silvinho e o Delúbio não davam sequer um espirro sem autorização expressa do José Dirceu. A bomba do líder Petebista foi tão grande que o braço direito do Presidente Lula, José Dirceu no dia 16 de julho apresentou sua carta de demissão, com ele se foi o mensalão e voltou a paz no Congresso Nacional. E o soco? Quem deu o soco no Roberto Jefferson, isso eu também sei...


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