Vigésimo Sétino Capítulo

O Ministério


A paz novamente reinava no Congresso Nacional, minha vida parecia estar completa, vitórias, encontros, alegrias, mas como tudo em nossa vida muda muito rápido, pelo menos na minha, um novo momento estava chegando. Em 2005 conheci duas pessoas que se tornariam grandes amigos, Ronaldo Mota e Newton Padilha, Ronaldo foi um dos homens mais inteligentes que conheci e Newton uma das pessoas mais puras e humanas,

Nossa relação era apenas de amizade, não tínhamos nenhum envolvimento profissional, até mesmo porque ambos trabalhavam no Governo Lula, no Ministério da Educação, e eu não tinha lá esses amores pelo governo do PT, embora admirasse o Presidente, pois o achava um homem corajoso e muito inteligente.


Em uma daquelas noites de barzinho nas entre quadras de Brasília, para minha surpresa recebi o convite do Ronaldo para fazer parte da equipe do Ministério da Educação, na verdade o cargo que eu ocuparia, seria voltado par atender e articular com o Congresso nacional, algo que eu sempre quis fazer, pois adorava o jogo político das articulações entre o Executivo e o Legislativo, ainda mais entre o Governo Federal e o congresso Nacional.
 

Foi um momento diferente, uma escolha difícil, eu já tinha uma vida no Senado, mas sabia que trabalhar no Governo Federal seria uma experiência ainda maior que a do Congresso Nacional.
 

Uma semana depois aceitei o convite e comecei a trabalhar no Ministério da Educação e minha primeira missão foi uma viagem a Colômbia, para um encontro com o homem mais rico do mundo, tive a grata satisfação de representar o Ministro Fernando Haddad em um Jantar com o Bill Gueites. Dono das empresas microsoft O encontro foi em Cartagena em um hotel luxuoso da empresa Hilton, mas mesmo com tanto luxo, Bill Gueites era uma pessoa simples, nem parecia o homem mais rico do mundo, vestia normalmente roupas de linho e sandálias de couro.
 

Sujeito de poucas palavras e muito sincero, na verdade minha ida a esse encontro se deu por causa da resistência do Ministro que era um defensor do Softer Livre, sendo assim ficaria muito ruim um encontro com o dono da maior empresa de Softer do mundo. Confesso que não fiquei bravo com essa representação, pois foi uma experiência maravilhosa jantar e falar com o Homem mais rico do mundo.
 

O encontro com o homem mais rico do mundo era apenas uma das muitas coisas importantes que eu passaria no governo Lula. O ministério da educação realmente era bem diferente do senado federal, trabalhar no executivo foi uma experiência sem igual e que me ajudou muito, na minha vida profissional: Renato venha até meu gabinete.


Ronaldo me chamou naquela tarde cheio de euforia, pois um grande programa nacional estava nascendo. Sentamos em uma mesa de reunião, no amplo gabinete da secretaria de educação à distância, e começamos a trabalhar na idéia brilhante da universidade aberta do Brasil. Eu, Newton, Silvana Baletta e o mentor Ronaldo Mota:
 

- Vamos fazer historia na educação do Brasil – disse Newton, prevendo que o novo projeto realmente iria revolucionar a educação superior do país.


O projeto tinha como finalidade principal levar a educação superior a cidades menores, pois os cursos seriam ofertados na modalidade à distância.


Aquela tarde participei de um momento histórico que meses depois se tornou realidade dando oportunidade a milhões de pessoas, que tiveram acesso à tão sonhada educação superior. No governo Lula, participei de grandes projetos nacionais, mas meu pensamento continuava na campanha para prefeito de Jaguarão, e o que queria era ficar pronto me qualificando o máximo possível e preparando minha vida pessoal e familiar,para disputar uma eleição com tranquilidade. Assim em dois mil e sete resolvi me casar era um desejo antigo da Maria Thereza. Tivemos um casamento daqueles de filme, dezenas de padrinhos, centenas de convidados e uma celebração que parecia abençoar o eterno. Como se o eterno existisse.
 

Logo depois realizei um sonho antigo: Fiz uma longa viajem pela Europa, conhecer o velho mundo fez com que eu adquirisse novos conceitos principalmente nas questões sociais e culturais. Fui direto para Portugal, onde tinha uma promessa de visitar o santuário de Aparecida, para agradecer uma grande conquista que foi colocar Jaguarão em meu sobrenome, esperei por muito tempo em um longo processo, mas finalmente ganhei na justiça o direito de incorporar em meu nome o Jaguarão, esse foi um momento muito especial, pois dali em diante carregaria para sempre o nome da cidade que tanto amava. Depois de cumprir meu dever com a santidade, fui para Paris.


Cheguei à França a noite e fui para um hotel pequeno no centro da cidade, no outro dia acordei perto do meio dia e fui para minha primeira experiência como turista. Tive minha primeira parada, Arco do Triunfo. Nossa! Lembro que eu olhava para os lados e me perguntava, será que é verdade? Não acreditava que aquilo finalmente estava acontecendo. Depois, desci pela Avenida Champs Elysee, com todas aquelas lojas famosas como Cartier, Armani, e todas aquelas que você puder imaginar, inclusive um Mc’Donalds, esse nunca pode faltar, uma coisa muito estranha aconteceu, enquanto eu aguardava os londrinos que me acompanhavam naquele final de tarde, eles que se deleitavam nas lojas de roupas, sentei-me em um bar com mesas na rua, e pedi uma cerveja, naturalmente na temperatura ambiente, pois fazia muito frio naquela tarde. Ouvi alguém dizer com uma voz distante:

-Renato Jaguarão... Renato Jaguarão...

Fiquei espantado a final eu estava em Paris, foi quando olhei na direção daquela voz e vi que quem me chamava era a Senadora Patricia Saboia, ex-mulher do Ministro Ciro Gomes, nos conhecíamos do Senado Federal, foi muito engraçado, brinquei com ela,


-Minha amiga, realmente é impossível se esconder nesse mundo globalizado. rsss....
 

Trocamos abraços como bons brasileiros e continuei a degustar a minha bela cerveja. Porém um dos momentos mais incríveis em Paris foi a Torre Eiffel. Finalmente um dia mais propício para subir! Pois o tempo dava sinal de melhoras. Já na fila para compra do ingresso, o tempo começou a mudar, uma ventania, o céu de azul ficou preto. Mas tinha acabado de chegar e ainda estava no final da fila.

Foram 2 horas somente para adquirir o ticket e mais trinta para chegar ao elevador. Mas sinceramente, nós não senti o tempo passar. Fiquei hipnotizado com a quantidade de ferro em cima de mim.

Em cada lugar que parava, uma sensação diferente, calor no primeiro (pois o sol tinha saído), frio no segundo ( o sol já havia se escondido), e muito frio no terceiro, com direito à vento, chuva forte, luva e cachecol. Quando finalmente desci, o sol já havia voltado a aparecer. Paris é fantástica, e ficará sempre em minhas lembranças.

Minha caminhada pela Europa ainda me reservaria mais surpresas, cheguei a Londres, depois de ter passado por Portugal e França, encontrei um casal de amigos que já estavam na Inglaterra há alguns anos, Tabbi e Elaine faziam um par perfeito. Ele um paquistanês, que veio tentar a sorte na cidade da Laid Day. Elaine, uma de muitos brasileiros que viam em Londres, uma forma de crescimento e oportunidades não encontradas no Brasil. Lembro que o meu inglês latinizado se entendia muito bem com o inglês de Tabbi e assim estabeleci uma amizade muito rápido com o paquistanês, que conhecia muito bem, a velha e histórica cidade de Londres.

Em uma das tantas noites da cidade Britânica, Tabbi me convidou para que fôssemos a um pub, eu como sempre apaixonado por noite e musica, de pronto aceitei o convite. Londres é uma cidade cinzenta e o frio colabora para o constante breu em certas avenidas e no velho metrô londrino. Enquanto seguíamos para o nosso destino ficava olhando para os prédios antigos da cidade e lembrava os mesmo prédios antigos, da minha infância na fronteira. Eu estava na Europa e por mais que tivesse o espírito otimista, jamais imaginaria nos meus tempos da fronteira que um dia estaria na Europa.

Chegamos ao pub por volta de onze horas da noite, um recinto antigo onde grandes nomes haviam começado sua vida artística. Naquele pequeno palco escurecido haviam passado grandes nomes como Beatles, eu como sempre querendo fazer parte da historia, me puxei no meu inglês tupiniquim e pedi a proprietária do pub, uma loira legitimamente inglesa, e pedi para cantar acompanhado dos músicos que faziam show naquela noite, afinal eu estava em Londres e duas únicas coisas poderiam acontecer: A primeira poderia ser um fiasco, mas só quem me conhecia eram Tabbi e Elaine, na pior das hipóteses iríamos rir do acontecimento; a segunda seria agradar e marcar meu nome na história como um dos poucos brasileiros a tocar em um pub legitimamente londrino.

-Agora com vocês, diretamente do Brasil, Jaguarão!

Anunciou a elegante mulher que tocava piano no pequeno palco.


O mais engraçado foi que ela conseguiu dizer Brasil, mas encontrou uma dificuldade enorme na palavra Jaguarão. Tabbi começou a rir, quase que perplexo com a minha coragem, e assim me dirigi ao palco. Combinei quase que em mímica, com a banda e comecei a cantar, logo percebi que a segunda opção marcaria o maior momento que vivi em Londres.


Retornei ao Brasil, pronto para um novo desafio em minha vida, o menino que um dia havia começado sua trajetória vendendo bugigangas nas Torres Pálidas da velha fronteira, agora concorreria a Prefeito da cidade.

Acredito que cada um de nós tem - em nosso coração - um Gigante de Ferro adormecido, só temos que acordá-lo. Nossa vida é do tamanho dos nossos sonhos, e sempre podemos viver e sonhar... Mais e mais...


“O final feliz, só depende de nós”.

Renato Jaguarão.

FOTOS DA MINHA VIDA.
























































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